domingo, 28 de outubro de 2012

Deitado no chao desse quarto
Mais uma noite de lua pesada
Tento pensar em algo,
 além desse desejo de te-la 
entre as minhas pernas.

Tento pensar no amor
Nesse sentimento tao desumano
E tao presente.

Penso nos casos resolvidos
A insegurança genial de voltarie
A doce sedução de Emilie Chatelet

A garrafa já secou,
Cheia de cor, odor, sabor
Inebriando os pensamentos.

Aperto os olhos, só pra imagina-lá novamente
Mas os pensamentos seguem vagos
E as lembranças distorcidas
Sinto que a onda passou e continuei sentado na areia.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O que eu adoro em ti 
Não é a tua beleza 
A beleza é em nós que existe 
A beleza é um conceito 
E a beleza é triste 
Não é triste em si 
Mas pelo que há nela 
De fragilidade e incerteza 

O que eu adoro em ti 
Não é a tua inteligência 
Não é o teu espírito sutil 
Tão ágil e tão luminoso 
Ave solta no céu matinal da montanha 
Nem é a tua ciência 
Do coração dos homens e das coisas. 

O que eu adoro em ti 
Não é a tua graça musical 
Sucessiva e renovada a cada momento 
Graça aérea como teu próprio momento 
Graça que perturba e que satisfaz 

O que eu adoro em ti 
Não é a mãe que já perdi 
E nem meu pai 

O que eu adoro em tua natureza 
Não é o profundo instinto matinal 
Em teu flanco aberto como uma ferida 
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza. 

O que adoro em ti lastima-me e consola-me: 
O que eu adoro em ti é a vida!


Manuel Bandeira.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

sábado, 13 de outubro de 2012

Hoje pensei na morte
e suas mil faces aparentes

Pensei em vocês
no ir e vir constante

E senti o concílio
deitando sobre o manto
que agora se estende e ocupa
um bom terço dessa inclinação
tão confusa, tão inclinada
quase na vertical.