segunda-feira, 25 de março de 2013

E você aí postado a minha frente ao sol poente, toda a sua glória em sua forma!
Beleza perfeita de um girassol! excelente existência perfeita de um adorável girassol! doce olho natural voltado para a lua nova "hip", desperto vivaz e excitado respirando a dourada brisa da luz do sol poente!


Quantas moscas zumbiram a seu redor ignorando sua fuligem, enquanto você amaldiçoava os céus da ferrovia em sua alma em flor?


Pobre flor morta? Quando foi que você esqueceu que era uma flor? quando foi que você olhou para sua pele e resolveu que era uma suja e e imponente locomotiva velha? o espectro da locomotiva? a sombra e vulto de uma outrora poderosa locomotiva americana louca?


Você nunca foi uma locomotiva, Girassol, você é um girassol!
E você, Locomotiva, você é uma locomotiva, não se esqueça!
E assim agarrei o duro esqueleto do girassol e o finquei a meu lado como um cetro,
e faço meu sermão para minha alma, e também para a alma de Jack e para quem mais quiser me escutar

.
- Nós não somos nossa pele de sujeira, nós não somos nossa horrorosa locomotiva sem imagem empoeirada e arrebentada, por dentro somos todos girassóis maravilhosos, nós somos abençoados por nosso próprio sêmen & dourados corpos peludos e nus da realização crescendo dentro dos loucos girassóis negros e formais ao pôr do sol, espreitados por nossos olhos à sombra da louca locomotiva do cais na visão do poente de latas e colinas de Frisco sentados ao anoitecer.

sábado, 23 de março de 2013

Jamais percam sua loucura!
A loucura pura, genuína
jamais percam!

Sua juventude é a minha
seus medos, anseios, preocupações
tudo cabe na irrelevância da minha juventude,
da nossa juventude.

É tão meu quanto nosso.

Jamais percam sua loucura!
A chama da juventude não pode envelhecer
e por mais que mude de cor
há de arder em torno da vida
isso pode significar noites em branco
de frio e calor
mas não a perca, por favor!

Blindem sua coragem
lembrem que o caçador 
prendeu o pássaro antes da gaiola.

Talvez nem haja saída
ou nem precise haver
Mas, o que podemos fazer
além daquilo que gostamos?

Somos jovens!

Sua coragem é a minha!

Sente minha fome?

Não entenda, apenas escute.

Os grandes uivam atrás das cortinas
refaça o caminho dos que acreditaram.

Não deixe passar esse tempo!
Não me deixe passar por esse tempo!

E mesmo que a juventude (que é)
se mostre confusa
todos nós sabemos, sozinhos, calados
minutos antes de dormir

Sabemos, no mais íntimo dos anseios
Sabemos, vendo a caretice imortal mancando de bengala
Sabemos, há cada projétil com distintivo
Nós sabemos o que queremos de verdade!

Falta coragem.

Jamais perca sua loucura!

Seja ela qual for.

quarta-feira, 20 de março de 2013

O último filho gay da última geração
da última família fracassada
do último mundo de últimos perdedores,
despreocupado em perpetuar
a mízera condição humana.

À troca justa
pelo preço que escolhe.

O maconheiro cabeludo
não pode dar o cu.
Perseguido por todos os lados
vagabundo por essência
e opção.

O viajante solitário das longas estradas
uma mão estendida implorando carona
meu bom amigo tentando passar calma.

A nova visão de sonhos tão antigos
o cheiro da nova realidade
morros se formam no horizonte
vistos da cabine do caminhão.

o caminhoneiro sonolento
vira o vagão nas curvas da pedreira
e assiste os esfomeados roubarem a carga
o gambá atropelado ao tentar
atravessar a avenida.

Um mundo novo cheio de possibilidades
o pau endurece de tamanha excitação.

A garota por quem me apaixonei
me trocou por uma garota e
foi trabalhar em uma plantação de maconha.

Ela fazia poemas sem sentido aparente
e tinha o sistema solar no ventre
e belos olhos verdes
a conduzir outros lúcidos demais.

O empregado, subordinado
limpador de chão
e engasgador de merda alheia.

O amante poeta com rimas pobres
rei dos lagartos e dos cactos dançantes
o jovem de 17 anos prestes a ser pai
é frentista de um posto abandonado na BR da morte.





terça-feira, 19 de março de 2013

Extraímos conforto em saber que não existe nenhum Deus. Que você não está escravizada a um Céu, feito para se puxar o saco de Deus para sempre. O que você tem é melhor do que o Paraíso. Você tem o esquecimento abençoado. Sinto sua falta todos os dias.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Se eu tivesse um Automóvel Verde
iria procurar meu velho companheiro
na sua casa no Oceano do Oeste.
Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

Tocaria minha buzina na sua máscula porta
lá dentro, sua mulher e três crianças
espreguiçando-se nuas
no assoalho da sala.

Ele viria correndo para fora
até meu carro cheio de heróica cerveja
e pularia gritando ao volante
pois ele é o melhor ao volante.

Peregrinaríamos até a mais alta montanha
das nossas antigas visões das montanhas rochosas
rindo nos braços um do outro,
nosso deleite acima das mais altas rochosas.

e depois da antiga agonia, bêbados de anos novos,
lançando-nos até o nevado horizonte
arrebentando o pára-lama com bop original
de carro envenenado na montanha

Sacudiríamos a nevoenta rodovia
onde anjos de angústia
cambaleiam entre as árvores
e berram diante do motor.

Arderíamos a noite toda entre os pinheiros do pico
visíveis de Denver na escuridão do verão,
clarão nada natural da floresta
iluminando o topo da montanha:

Infância adolescência idade & eternidade
se abririam como doces árvores
para as noites de outra primavera
atordoando-nos de amor,

pois juntos somos capazes de ver
a beleza das almas
ocultos como os diamantes
dentro do relógio do mundo,

somos capazes, assim como os mágicos chineses,
de confundir os imortais com nossa intelectualidade
escondida na neblina,

no Automóvel Verde que eu inventei
imaginei e vislumbrei
nas estradas do mundo

mais real que o motor
numa pista do deserto
mais puro que Greyhound 
e mais rápido que o jato físico.

Denver! Denver! Voltaremos
roncando pelo gramado do edifício City & County
que recebe a pura chama da esmeralda
raiando no rastro do nosso carro.

Desta vez compraremos a cidade!
Descontei um grande cheque na caixa do meu crânio
para abrir uma miraculosa universidade do corpo
no teto da estação rodoviária.

Porém primeiro percorreremos os pontos do centro da cidade
bilhares barracos botequins de jazz cadeia
prostíbulos da rua Folsom 
até os mais escuros becos de Larimer.

Prestando homenagem ao pai de Denver
perdido nos trilhos da ferrovia,
estupor de vinho e silêncio
reverenciando os cortiços das suas décadas,

nós os saudaremos e a sua santificada maleta
de escuro moscatel, beberemos e
quebraremos as doces garrafas
em Diesels demonstrando nossa fidelidade.

E depois seguiremos guiando bêbados pelas avenidas
por onde marcharam exércitos e por onde ainda desfilam
cambaleando sob invisível pendão da realidade.

Trombando pelas ruas, no automóvel do nosso destino
dividiremos um cigarro de arcanjo
e adivinharemos o futuro um do outro:

Famas de sobrenatural iluminação,
desolados e chuvosos vãos no tempo,

A grande arte aprendida na desolação
e nossa separação "beat" seis décadas depois...

e numa encruzilhada de asfalto
nos tratamos mais uma vez com
principesca gentileza, lembrando
famosas conversas mortas de outras cidades.

O pára-brisa cheio de lágrimas,
a chuva que molha nosso peito nu,
e juntos nos ajoelhamos na escuridão
no meio do tráfego noturno do paraíso

agora renovando o solitário juramento
que fizemos um para o outro no Texas:
não posso inscrevê-lo aqui...

Quantas noites de Sábado
teremos deixado bêbadas com esta lenda?
Como fará a jovem Denver para carpir
seu olvidado anjo sexual?

Quantos garotos baterão no piano negro
imitando os excessos de um santo da terra?
Ou garotas que cederam aos desejos 
sob seus espectros nos colégios da noite melancólica?

Quando tivermos o tempo todo na Eternidade
na tênue luz de rádio deste poema
sentaremos atrás das sombras esquecidas
ouvintes do jazz perdido de todos os sábados.

Neal, agora seremos heróis reais
numa guerra entre nossos caralhos e o tempo:
vamos ser os anjos do desejo do mundo
e levemos o mundo para a cama conosco
antes de morrer.

Dormindo sós ou acompanhados
por garota ou garoto ou sonho,
não me faltará o amor e a você a saciedade:
todos os homens caem, nossos pais caíram
antes,

mas ressuscitaremos essa carne perdida,
nada mais que o trabalho de um momento da mente:
um monumento fora do tempo para o amor
na imaginação:

Um mausoléu construído por nossos próprios corpos
consumidos pelo poema invisível
tremeremos em Denver e resistiremos
mesmo que o sangue e rugas ceguem nossos olhos.

Assim, este Automóvel Verde
eu o dou para você em fuga
um presente, um presente
da minha imaginação.

Continuaremos guiando
pelas rochosas
continuaremos guiando
por toda noite até a aurora,

até voltar à sua ferrovia, a Southern Pacific
sua casa e seus filhos
e seus destino de perna quebrada
você guiando de volta pela planície

ao amanhecer: e eu de volta
às minhas visões, meu escritório
e apartamento no leste
retornarei a Nova York.

domingo, 17 de março de 2013


Animei-me um pouco. Disse-lhe que olhava estas paredes 
há meses e meses. Não havia nada no mundo que eu 
conhecesse melhor. Talvez, de fato, há muito tempo, eu
houvesse procurado nelas uma face. Mas essa face tinha a cor do 
céu e a chama do desejo: era a de Maria. Procurara-a em vão. 
Agora, acabara-se. E, em qualquer caso nunca vira esse suor surgir 
da pedra.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Os que não procuram o silêncio
se conformam com uma falsa paz
grite alto para mostrar
frase ensaiada não vai adiantar.

E o que você não diz

atravessa a garganta e um dia vai voltar
mas o que você diz
ninguém está interessado em escutar.

A confusão domina o emocional

é o amor que nos faz odiar
não rejeite o racional
nem espere alguém te ajudar.

É cruel, mal e infiel não adianta pedir perdão
frases ensaiadas não comovem o coração
o seu silêncio, machuca, judia, e espanca até matar
você se cala até o fim, é a facada que não faz sangrar.



sexta-feira, 1 de março de 2013

É fácil ser só e ter de tudo
comida na mesa, não há preocupação
dormir em uma cama de veludo
acordar em uma bela mansão.

eu tiro a faca da cintura
espero você passar
encosto a meia altura
e na ponte furo o teu umbigo.

Moro num casebre fodido
vivo dentro do mangue sujo
pra eles nem soa esquisito
só me chamam de marginal.

Meu camarada,
quando tiro a faca da cintura
e na ponte furo o teu umbigo
tenho dois pirralhos em casa, 
com fome e passando e mal.

Se não tem quem me dê
vou atrás de você
e se na ponte eu furo teu umbigo
não é porque acho legal
mas tenho dois pirralhos em casa
com fome e passando e mal.